quinta-feira, outubro 26, 2006

A dúvida

Ontem à noite, a caminho de casa, o caminho que todos os dias faço e que tão bem conheço, apeteceu-me escrever.... Não aqui, não um texto breve ou um apontamento, mas sim uma estória, grande. Contar uma estória de alguém num dado momento da vida. Isto não é novo para mim. Já vivi esta sensação outras vezes e cheguei a iniciar a concretização, mas três páginas a seguir desisti. Não por falta de vontade mas por medo, ou por incapacidade. Despois disto surge sempre o mesmo impasse: ou paro por ai e adio mais uma vez esta vontade súbita, ou continuo e descubro se realmente sei fazer aquilo a que me proponho... Mas tenho medo de me desapontar e desapontar quem possívelmente acreditou em mim. As vezes sinto que a dúvida me conforta e que me impede de continuar... Mas um dia vou continuar.

terça-feira, outubro 24, 2006

David Fonseca - Hold Still

Para descontrair e apreciar. Quem gosta, gosta sempre. "I know you're somewhere out there..."

Coisas Tristes

Há coisas que me deixam profundamente tristes e isto a ser verdade é uma delas. Quando lemos um livro, gostamos de saber o que lêmos e de quem lemos. Ao sabermos mais tarde que afinal não passava tudo de uma "cópia" sentimo-nos quase traídos... Dá que pensar

sexta-feira, agosto 18, 2006

A busca

É tudo o que vejo daqui, uma teia de conflitos que me apertam a alma. Olho para os labirintos obscuros que nos rodeiam e procuro só um caminho. Há algures uma estrada que me vai levar lá. Vou cruzar todos os obstáculos, vou vencer todas as batalhas e suportar todo o sofrimento que a mente me permita. Vou procurar-te em todos os recantos sombrios, em cada metro quadrado da vida. Vou, nem que seja do centro da terra ao espaço, bem longe da gravidade que nos segura. Vou. Da-me tempo. Vou encontrar a felicidade que me pediste.

sábado, julho 01, 2006

Os dias de hoje

Um dia Luís Vaz de Camões escreveu num dos seus sonetos: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, / Muda-se o ser, muda-se a confiança / Todo o mundo é composto de mudança, / Tomando sempre novas qualidades.
Permito-me a dizer que estas palavras sábias me soam melhor que nunca. A humanidade cresce a olhos vistos, a tecnologia apodera-se das nossas casas aos poucos sem darmos conta que a evolução está ali à nossa frente, os arranha céus trepam cada vez mais alto nas grandes cidades, as comunicações são cada vez melhores e mais velozes, podemos até, com um simples computador de trazer por casa, falar, ouvir e ver em tempo real, alguém que está nesse preciso momento num ponto do planeta bem distante do nosso, e melhor, sem termos que pagar grandes quantias monetárias para o fazer. É a tecnologia própria destes tempos que o permite. Tudo o que nos envolve está a mudar, a crescer, a evoluir.
Tudo é feito em nosso proveito, se bem que o que é proveitoso para uns pode ser o prejuízo de outros. Falo das armas. Enquanto uns constroem armas cada vez mais sofisticadas e potencialmente letais e transformam isso num negócio legal e milionário, outros sentem o seu poder letal da pior maneira. Mas tudo é criado em prol do homem. O facto de sermos serres dotados de inteligência assim o permitiu. A nossa vida foi ganhando qualidade ao longo dos tempos e hoje usufruímos de criações materiais por nós elaboradas que nos dão um conforto excepcional. Eu sou de uma geração recente. Nunca soube o que é viver sem tecnologia, seja a televisão passando pelo telefone, até ao vasto leque de máquinas relativamente recentes que estão ao nosso dispor em qualquer hospital, nunca soube o que é ter que caçar, cultivar ou pescar para sobreviver, felizmente nunca precisei repartir um pedaço de pão pelos meus irmãos. É isto que a vida moderna, onde se trabalharmos e nos inserirmos dignamente numa sociedade, nos proporciona; conforto, bem-estar, qualidade de vida… Mas há algo que me escapa.
Olho para a rua cheia de gente que passa para ir às compras, que vem do trabalho ou que simplesmente caminha e vejo um mundo civilizado, moderno, progressista, bonito, a minha memória é activada e recordo-me de acontecimentos que me fazem pensar que tudo não passa de fachada, uma fachada que esconde actos que nos transportam, a nós, seres humanos dotados de inteligência a um passado que desconheço. Recordo-me de notícias que vejo todos os dias, precisamente desde um dia em que, ainda em tenra idade, a minha memória foi capaz de armazenar e penso em quantas vezes fiquei chocado ao ver o que o ser humano é capaz de fazer. Estamos em 2006. Ano em que já se pensa colocar chips electrónicos nas bolas de futebol para saber se estas entram na baliza ou não chegam a transpor a linha de golo, ano em que se fabrica e comercializa um automóvel que se estaciona sozinho, ano em que supostamente a evolução seria o centro das atenções e ainda há tanta boca que precisa de um simples pedaço de pão, há tanta criança a precisar de uma vacina que para mim foi, mal nasci, obrigatória, há mulheres provavelmente neste instante a serem mutiladas numa cultura qualquer por não serem “dignas”. E não é preciso olhar para muito longe. Há pais que maltratam, abusam sexualmente e matam como quem mata um insecto os filhos ainda crianças, mulheres são espancadas diariamente ou sempre que ao marido lhe correu mal o dia, há pessoas que matam indiscriminadamente por uns trocados que levamos no bolso. São declaradas guerras porque “se passa isto assim e assim”… Deixam-se morrer crianças porque um assistente social pensou que estava tudo bem. Será isto um sinal dos tempos? Não me parece. Afinal parece que tudo evoluiu, cresceu e progrediu. Tudo, menos o ser humano que vai contra a sua própria natureza a troco de ninharias, a troco de nada. A nossa mente é um labirinto interminável e difícil de percorrer. Quanto mais descobrimos sobre nós mais nos apercebemos que não nos conhecemos. Tanta tecnologia, inovação tanta coisa descoberta e nada foi feito para mudar a mentalidade do ser humano. Para quê ter Internet se não podemos salvar uma criança que morre de fome num qualquer ponto do planeta neste preciso momento.
Pode ser que um dia a tecnologia que tanto prezamos nos seja útil para nos tornarmos dignos de existir.
“Continuamente vemos novidades, /Diferentes em tudo na esperança; / Do mal ficam as mágoas na lembrança, / E do bem, se algum houve, as saudades.”

sábado, maio 06, 2006

Sensação

Estar sentado numa mesa de café com um grupo de pessoas, pode ser uma experiência muito agradável. Podemos estar a falar de banalidades, podemos ter aquelas preocupações normais na vida de uma pessoa, mas está tudo bem… Estamos com amigos e com a pessoa que mais admiramos na vida.
J&B

Palavras de sempre.

É sempre bom lembrar que estas obras existem.

Sou um guardador de rebanhos

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.

Alberto Caeiro

domingo, abril 09, 2006

"Os versos do capitão"


Ai, vida minha,
Entre nós não arde só o fogo,
Mas a vida toda,
A história simples,
O simples amor
Duma mulher e dum homem
Parecidos a todos.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Arte


A arte é feita pelo homem e para o homem...

As criaturas humanas olham para o que as rodeia e distorcem a realidade em virtude de percepções, crenças, desejos... Olhando para um mesmo objecto ou forma, um grupo distinto de pessoas pode perfeitamente fazer uma leitura que diverge de um indivíduo para o outro consoante a perspectiva que cada um tem do real.
O Homem como indivíduo, uma vez munido de mentalidade e racionalidade tem em seu poder a criatividade, as emoções, as motivações, os estímulos, os desejos, os medos, o conhecimento, que fazem dele um único ser e o torna diferente de todos os outros. Uma obra de arte, por exemplo, pode provocar em cada um sensações tão distintas como horror, paixão, vontade de tocar, ternura, compaixão, repúdio etc. A arte reflecte em nós aquilo que somos e tudo aquilo que vivemos. A arte, tal como a natureza e tudo que nos rodeia, não é simplesmente o que se vê, o que é palpável mas sim a imagem, a impressão com que cada um fica assim que a vislumbra.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

O Stress


O chamado "stress" é algo curioso que me desperta a atenção.
É um facto, que nos dias de hoje na nossa sociedade o stress é comum e cada pessoa sente os seus efeitos mais tarde ou mais cedo. Profissões desgastantes, filhos para criar, casas para gerir são tudo factores que contribuem em muito para este progressivo crescimento de stress. Por vezes, o esgotamento cerebral, a depressão e outras doenças do forro psíquico, são o culminar de um conjunto grande de situações de stress.
Neste caso, dado todos os factos observados, podemos concluir que o "stress" é algo prejudicial e a evitar.
Mas há momentos na vida em que uma pessoa por um motivo ou outro tem de parar. E é aí, nesses momentos calmos que tanto desejavamos que sentimos a falta desse stress que passamos a vida a praguejar. A falta da agitação do dia-a-dia, da correria, do trabalho, das birras dos filhos, sobrinhos etc, proporciona-nos uma sensação de vazio dificil de explicar. Tentamos desesperadamente arranjar algo que nos ocupe mas nada do que nos lembramos parece boa solução... e o vazio continua...
Em suma, o stress foi criado pela sociedade moderna, pela sociedade dos nossos dias e veio para ficar. Difícil será recusar negar ou evitar. Nasceu connosco, assim fomos educados e assim permaceremos até que alguém nos diga -"Estás reformado", e aí o vazio volta para ficar.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Bom dia.

Quase todos os dias acordo-te e digo-te Bom Dia. Podia falar de muita coisa que ja vivemos ou ainda vamos viver mas, porque não falar do simples facto de te desejar "Bom dia". Sabes, significa muita coisa, para mim. Significa por exemplo, a felicidade com que nos preparamos para mais um dia, a felicidade que te quero transmitir, seja quando ainda o sol nem sequer nasceu ou quando o dia já está alto. Quando pensares neste "Bom Dia" que te dou, não vejas só uma forma de te dizer olá que também é, mas muito mais do que isso, é um estado de espírito, uma vontade, um prazer e um sentimento. Se eu te desejo um "Bom Dia" quero realmente que estejas bem naquele e em todos os momentos com, ou sem mim... "Bom Dia"
J. para B. EtOmA